segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

E agora?

Não há verba...

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Se se pensar nestas coisas, a depressão é maior

Hoje recebi por mail o meu recibo de vencimento e constatei que vou ganhar no 1º mês de 2011 menos do que estava a ganhar em 2007. Compreendo. Estamos em crise. Cada vez mais em crise, a afundar na crise. Li em qualquer lado que um bebé que nasça agora demora mais de 40 anos a pagar a sua dívida. É que já nasce endividado. Fabuloso! Provavelmente, muito sem querer, quando chegar aos 40 já deve até aos 80. Não sei bem o que é que isto significa, mas eu tenho para mim que deve ser qualquer prenúncio do fim dos tempos, o Ómega bíblico, a entropia final.... Deviam fazer um estudo sobre isto. Se calhar já há, mas este, sobre as Novas Oportunidades, é bestial:

"Foram inquiridos 358 adultos que ficaram com a equivalência ao 9.º ano. A maioria concluiu aquela formação em seis meses. Cerca de 83 por cento dão como certo que este processo provocou uma série de alterações das quais destacam um aumento da auto-estima, um maior sentimento de realização e valorização pessoal e uma melhoria da capacidade de comunicação e de relação com outros. "Antigamente sentia-me inferiorizada por não ter estudos, agora não... agora não me sinto inferior a ninguém", resume uma das entrevistadas para o estudo desenvolvido pela Escola Superior de Educação de Coimbra (ESCE) e apoiado pela Agência Nacional de Qualificações, responsável pela iniciativa Novas Oportunidades."

Engraçado, a maioria entende que a vantagem deste diploma não é terem adquirido mais saber, ou mais competências. Ficaram mais felizes e a sentirem-se menos inferiorizados. Pois eu, que tenho estudos, sinto-me bastante inferiorizada. Sinto-me inferior à pessoa que era, quando acreditava que aprender era uma coisa notável. Dava trabalho, exigia sacrifício, mas, achava eu nesses idos, fazia das pessoas seres mais esclarecidos, com mais recursos intelectuais, seres capazes de preservar patrimónios de cultura e de língua e de história e de construir o futuro. Melhores, digamos. Seis meses correspondem ao 9º ano? Não entendo. Desculpem, não consigo entender. 1 mês equivale a quanto? Ano e meio? Não dá para aplicar esta lógica aos nossos vencimentos: Janeiro equivaleria a todo o 2011 e a seis meses de 2012. Isto é que dava um estudo: como se viaja no tempo em Portugal. Podia ser que o bebé conseguisse pagar a sua dívida mais rapidamente assim, de outro modo ainda lhe é cobrada uma sobretaxa de chupeta, ou qualquer imposto igualmente criativo. Depois alguém lhe há-de pagar: em diplomas.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Coisas verdadeiramente importantes

Eu, que me interesso quer pelas coisas dos animais, quer pelas coisas da linguagem, já tenho meditado sobre as capacidades de aprendizagem de um sistema linguístico por parte dos nossos melhores amigos. Fiquei perplexa com o experimento que comprovou a existência de uma cadela que tem um léxico passivo de mais de mil nomes de objectos. Mais de mil! Não deve ter sido um processo de aprendizagem nada fácil!
Ainda assim, acho a minha cadela mais dotada: conhece apenas água, biscoito e brinquedo. E entende frases: "queres ir à rua/ à praia?", "busca o biscoito!", "traz o brinquedo!" e "vamos dormir!". É preciso mais que isto?

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Desculpem, mas tem graça...

Sempre gostei do Johnny Depp e acho que o tempo tem sido generoso com ele. A personagem que encarna nos "Piratas das Caraíbas" é daquelas que rouba a cena e fica na nossa memória em detrimento de toda a historieta. Vale a pena ir ao cinema ver estes filmes só para ver este Jack Sparrow, ou melhor, "Capitão Jack Sparrow", que consegue resolver grandes e pequenos problemas de uma forma inacreditavelmente criativa. Ele é mesmo o pirata que construí mentalmente nos tempos em que se criavam representações mentais de figuras dos livros. A pirataria é crime. Já sabemos. E o povo luso tem razão para odiar os piratas que nos atacavam nas nossas hegemónicas rotas à Índia e tal. São vários séculos de ódios ancestrais, mas a verdade é que os mares da pirataria se tornaram cibernéticos e virtuais. E eu sempre achei imoral encontrar à disponíveis para download gratuito discos e filmes que ainda não foram postos à venda nem passaram no cinema. Ou poder vê-los online, como no youtube, ou em sites que são verdadeiros armazéns de todas as séries. Até já encontrei num deles todos os episódios do Startrek. Não vi, não por uma questão de moralidade, nem sei se é crime, mas porque não tenho tempo. Mas também me parece ridículo que um CD com 11 ou 12 músicas custe 20 e tal Euros e o que me parece mesmo de uma atroz hipocrisia é denunciar os piratas nacionais e, portanto, acho imensa piada à associação oculta de Jack Sparrows que entrou no sistema dos denunciantes e pôs os ficheiros e os emails e tudo online para ser descarregado. Eu sei que está tudo muito errado, mas tem imensa graça.

sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

O que é nacional é bom

Há palavras na língua portuguesa cuja expressividade resulta da combinação do conteúdo semântico com a face fonética. Perplexo é uma delas. Pois foi assim que fiquei quando vi a capa do I de hoje.

A acreditar nas notícias – que isto da comunicação social obriga à dúvida metódica – o ME descobriu que as crianças do 8º ao 12º, de 1700 escolas, em pleno ano 2010, não sabem raciocinar nem escrever. Pelos visto houve uma equipa qualquer que em função dos teste intermédios e da performance dos nosso jovens tirou estas conclusões. Bem sei que convém sempre dar um carácter científico aos relatórios e apresentar valores numéricos e percentagens e linguagem muito científica, mas escusavam de tratar dados de quase dois milhares de estabelecimentos de ensino: eu, por metade do preço, fazia o mesmo relatório, até fazia melhor. É que este centra-se em dados obtidos em situações de avaliação formal e não traduz o aspecto mais etnográfico da observação quotidiana, que também é uma metodologia de investigação muito válida. Todos nós sabemos que os alunos quase não lêem literatura (mas lêem imenso no Messenger e no Facebook), que não pensam e que muitas vezes os nossos esforços para os levar a activar os neurónios são objecto de motins, que são incapazes de organizar o raciocínio, porque está mais ou menos desactivado, e que escrever é uma tarefa que consideram apenas adequada a entidades sobrenaturais – basta propor uma actividade de escrita com 80 palavras que temos o coro da desaprovação a pedir aulas mais apelativas, com TICs e PowerPoints e Quadros Interactivos e tal. O que o relatório não contempla é que os alunos são, actualmente, de uma pobreza vocabular atroz, que aos 16 anos desconhecem que um mago é um mágico, que têm de memorizar que a água pode ser encontrada no estado sólido, líquido e gasoso e que acham que Mussolini foi um jogador de futebol… Os tempos dos nossos jovens são outros e nós é que ainda não mudámos o paradigma escolar. Eu não posso pensar que um aluno de 13 anos, que passou a tarde do dia anterior a jogar ao Grand Theft Auto, ganhando bónus por atropelar peões na passadeira e destruir caixas multibanco, entenda um texto poético. O que eu posso esperar – e isto não diz o relatório – é a arrogância da juventude e da ignorância que me vai perguntar porque é que tem que estudar aquilo, que não tem interesse nenhum e não se percebe nada e raisparta o Camões!

A minha perplexidade não vem destas estranhas e bizarras novidades. É que ouvi, aqui há dias, que os nossos alunos sabiam mais matemática, liam melhor e não sei quê… E parece que era um estudo internacional muito fiável e que também tinha muitos números e muitos testes. E agora? O que é nacional é bom?

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Nevoeiro

Porque me parece bem terminar 2010 com as palavras seculares de um dos maiores poetas universais, em forma de prece, em jeito de profecia.

"Senhor, a noite veio e a alma é vil.
Tanta foi a tormenta e a vontade!
Restam-nos hoje, no silêncio hostil,
O mar universal e a saudade!"
Nem rei nem lei, nem paz nem guerra,
Define com perfil e ser
Este fulgor baço da terra
Que é Portugal a entristecer –
Brilho sem luz e sem arder,
Como o que o fogo-fátuo encerra.

Ninguém sabe que coisa quer.
Ninguém conhece que alma tem,
Nem o que é mal nem o que é bem.
(Que ânsia distante perto chora?)
Tudo é incerto e derradeiro.
Tudo é disperso, nada é inteiro.
Ó Portugal, hoje és nevoeiro...

É a Hora!

Fernando Pessoa

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Feliz Natal



O cantinho natalício aqui do lar. Porque eu resisto ao consumismo da época, há anos que não compro prendas e escapo dos templos de compra e venda, mas não resisto ao espírito profundamente pagão deste pinheiro cheio de quinquilharia que celebra o solstício. E os dias aumentam dois minutos de luz quotidianamente. Daqui a um mês teremos mais uma hora de luz e as árvores já terão uns rebentinhos pequeninos à espera de aparecer em verde. Por tudo isto, FELIZ NATAL ao som da melhor música de Natal de todos os tempos.


Por aqui não

Não sei bem o que fazem aos moradores, mas exeplá-los parece-me uma coisa ameaçadora, ainda por cima de forma tão assumida...

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Viva a rainha de Copas!!!!

Sócrates propôs que questionássemos a realidade. É inevitável fazê-lo de forma quotidiana, sobretudo se lermos jornais.

Não pretendo ter uma sabedoria universal que me permita entender todas as minudências cósmicas e até sou capaz de depositar alguma crença na existência de universos paralelos ou alternativos em que as leis são de outra índole, contudo há coisas nesta lusa pátria que me deixam pasmada.
É sabido que o povo português é de brandos costumes e que tirando um ou outro esquema de sobrevivência - a que agora se chama depreciativamente corrupção, mas que é uma tradição oriunda dos confins da ancestralidade portucalense - ninguém se chateia muito com nada. Não nos chateamos com política, não nos chateamos com finanças, a educação também não é pra chatear, o sistema nacional de saúde também não chateia muito, a gente lá se vai orientando, e até temos uma expressão bestial - que alguém fez o favor de me assinalar - que traduz o nosso nacional porreirismo e a nossa aceitação do caos: "não percebo nada, mas pronto". Assim, tirando as questões de futebol que inflamam os corações e que nunca percebi porquê, mas pronto, somos todos uns porreiros. Incultos, ignorantes, cada vez mais iletrados (não há relatórios externos que me convençam), mas porreiros. Agora o que eu não entendo mesmo e nem sequer encerro com o "mas pronto" é esta história dos blindados. Para que diabos precisa a PSP de blindados? Prevêem-se motins? Se nem para a dita Cimeira eles foram necessários, e ainda bem, porque a empresa não os forneceu atempadamente. Blindados para a Polícia de Segurança Pública? Para quê? Para ir na caça à multa? Para fazer vigilância à porta das escolas? É certo e sabido que, se a alma lusitana se revoltar, será fazendo umas vigílias, a cantar o "Grândola Vila Morena", a assar umas castanhas e a beber umas cervejas. Nada de motins à laia francesa, nem grega. O povo é sereno, como dizia o outro. Esta malta saberá o que anda a fazer?

A rainha de Copas é que tinha razão: "Cortem-lhes a cabeça!"