quarta-feira, 29 de abril de 2009

Coisas de sonhos

Só o que sonhamos é o que verdadeiramente somos, porque o mais, por estar realizado, pertence ao mundo e a toda a gente.
Bernardo Soares

sábado, 25 de abril de 2009

STAR TREK

Coisas de gente



Preciso ser um outro 
para ser eu mesmo

Sou grão de rocha
sou o vento que a desgasta
sou pólen sem insecto
e areia sustentando
o sexo das árvores

Existo, assim, onde me desconheço 
aguardando pelo meu passado 
receando a esperança do futuro

No mundo que combato
morro
no mundo por que luto
nasço.

Mia Couto

sábado, 18 de abril de 2009

Coisas de dias cinzentos que se multiplicam


Soneto de fidelidade

De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure


Vinicius de Moraes

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Coisas que conseguem ser piores do que imaginamos


Voltei à escola, no dia a seguir à visita da Sra. Ministra e do Sr. Engenheiro. Pensei que ia encontrar o edifício inaugurado limpinho e renovado que até dava gosto. Limpo é coisa que não está, renovado lá vai estando: todas as salas têm um hiper computador e muitas têm quadros interactivos. Lindo! Claro que os computadores não servem para nada, os quadros interactivos não estão ligados e, se estivessem, ninguém sabe trabalhar com eles. A sala dos professores fica na torre mais alta, num sotão que eu nem sabia que existia. Tudo fica tão distante que os 15 min de intervalo não chegam para lá chegar. As pessoas já nem escrevem sumários - a assiduidade dos alunos vai melhorar imenso... A cantina desapareceu, é o ginásio convertido em lugar onde há mesas para comer (e para os alunos jogarem à sueca nos intervalos) e a comida de catering tem um cheiro pouco convidativo. O tempo meterológico não tem ajudado: o pó das alergias transformou-se em lama que se cola às sapatilhas que toda a gente está a adoptar para calcorrear as milhas longas até à sala ou contentor para onde tem de ir. Pensava eu que faltavam aí dois meses para o final do ano lectivo, mas, pelo que vejo, falta uma eternidade. 

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Coisas que nos roubam a alegria

Amanhã volto para o estaleiro... e nem a visita da Ministra e do Primeiro Ministro me inspira tranquilidade. Bem, são mais dois meses e depois os Exames Nacionais, a realizar em parte ignorada, talvez nos contentores, conhecidos no linguajar técnico por "monoblocos". Felizmente o edifício norte já tem telhado novo e parece que janelas e portas. Deve ter mesas e cadeiras e, com um bocado de sorte, um quadro e, sem querer pedir muito, giz. Talvez haja luz eléctrica e é possível que a campaínha toque, embora eu até gostasse da escola sem o toque. A gente habitua-se e os alunos até chegavam mais a horas. É o plano tecnológico no seu melhor.
 Há que ter esperanças no futuro, pois a Aurélia de Sousa vai ser uma escola como o Shrek: um cavaleiro "como não há"


domingo, 12 de abril de 2009

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Coisas do tempo

Ver-te é como ter à minha frente todo o tempo
é tudo serem para mim estradas largas
estradas onde passa o sol poente
é o tempo parar e eu próprio duvidar mas sem pensar
se o tempo existe se existiu alguma vez
e nem mesmo meço a devastação do meu passado

Ruy Belo

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Coisas que se renovam


Deixo para trás a sala dos professores, que tão bem conheço e onde passei tantas horas ao longo dos últimos anos, com a certeza de que no dia em que a voltar a ver tudo terá mudado. Busco o sol de outras paragens, outra poesia, outro mar e outra luz, com as mesmas paixões e a certeza de que tudo se renova e de que poucas são as coisas que terminam.