quinta-feira, 12 de julho de 2012

Saudades do futuro?? 'Bora lá!


Every time I look down on this timeless town 
whether blue or gray be her skies. 
Whether loud be her cheers or soft be her tears, 
more and more do I realize: 

I love Paris in the springtime. 
I love Paris in the fall. 
I love Paris in the winter when it drizzles, 
I love Paris in the summer when it sizzles. 

I love Paris every moment, 
every moment of the year. 
I love Paris, why, oh why do I love Paris? 
Because my love is near.

Cole Porter





domingo, 8 de julho de 2012

Lomografia

A minha formação fotográfica ocorreu nos anos 80, aproveitando aqueles cursos financiados pela U.E., que na época era C.E.E. e desenvolveu-se na área da moda e publicidade. Sei usar um ampliador - comprei um russo, que montava na casa de banho da minha mãe - sei puxar filmes, fazer máscaras, sei o que é a paralaxe, a profundidade de campo e como posso jogar com a velocidade do filme para obter efeitos estranhos, sei enquadrar, sei em que canto da foto o modelo deve ou não deve ficar, conheço a regra de ouro da fotografia,... Resisti à tecnologia digital o mais que pude, fui fazendo experimentos com câmaras digitais, rejeitando-as sempre. No entanto, este experimentalismo transformou-me numa perdulária, deixando obsoleta a minha Nikon F60, pois tarde que saia e não bata pelo menos umas 150 fotos é anormal. Nesta altura, uso 3 máquinas diferentes: uma Fuji Finepix XP (todo terreno, água e tudo), uma Nikon Coolpix P500 (uma brigde, para tirar fotos com alguma pinta sem ter de andar a trocar lentes) e uma Nikon D80 (uma reflex, para quando quero tirar fotos a sério).

Há coisa de 2 ou 3 semanas, ouvi falar da lomografia.  Fui investigar.
É aparentemente a arte de tirar fotos desfocadas, desenquadradas, com o filme queimado, fora de prazo... em máquinas com lentes de plástico, que custam cerca de 30 dólares e são remanescentes do hi-tec russo, que sempre produziu coisas tão sofisticadas. O grande problema é que as fotos são tiradas com rolo. Onde é que eu, nesta altura, consigo ter o comedimento de tirar apenas 12 ou 24 fotos?? Mandar revelar e esperar o resultado, que o mais certo é conduzir as fotos à pilha de milhares de rejeitadas que tenho vindo a acumular ao longo dos anos?


Cabeças cortadas, exposições mal calculadas, fotos desfocadas, tenho de tudo neste monte. Ah não, para este peditório já dei. Mas como sou adepta do experimentalismo, adotei uma solução de compromisso: arranjei um software e andei a arruinar algumas fotos. Obtive uns efeitos engraçados:










Ora bem: continuo adepta do enquadramento e da procura da melhor luz, da manipulação do equilíbrio de brancos para ajustar as condições luminosas às potencialidades da máquina, e tal, mas vou adotar um compromisso ainda maior. Descobri na Amazon que há uns kits que podem ser acoplados à minha D80, que a transformam numa low-tec russa dos eighties. Assim, posso desfocar todas as fotos que quiser, sem queimar o nitrato de prata dos rolos e fazer umas coisas mais para o artístico.

Acho que foi "No Ano de Todos os Perigos" que um jornalista fotográfico disse esta pérola: "uma foto de uma mulher nua é pornografia, uma foto desfocada de uma mulher nua é arte".

Vamos, pois, desfocar o verão. Pode ser que nem sinta a falta do subsídio.