terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Um soneto de amor

Dois amantes felizes fazem um só pão,
uma só gota de lua sobre a erva,
deixam andando duas sombras que se juntam,
deixam um único sol vazio numa cama.

De todas as verdades escolheram o dia:
não se atavam com fios, mas com um aroma,
e não despedaçaram a paz nem as palavras.
A alegria é uma torre transparente.

O ar, o vinho vão com os dois amantes,
a noite dá-lhes as suas pétalas felizes,
têm direito aos cravos que apareçam.

Dois amantes felizes não têm fim nem morte
nascem e morrem tanta vez enquanto vivem,
são eternos como é a natureza.

Pablo Neruda - Cem sonetos de amor

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