sábado, 31 de outubro de 2009

Para quê?


Não se fala de outra coisa: Andre Agassi escreveu e publicou um livro no qual confessa ter sido um consumidor de anfetaminas, ter sido apanhado num controlo anti-doping e ter conseguido escapar através de uma rede de mentiras.
Para quê? Para que é que um atleta que conseguiu cativar a atenção do público durante décadas se sai com uma confissão destas dois ou três anos depois de ter terminado a carreira? Deste jogador eu pouco sabia: tinha um jogo de fundo admirável, pois tinha uma leitura de bola excelente e apanhava-a na subida, dentro do campo, o que lhe dava uma aceleração e uma capacidade de abrir ângulos extraordinárias, e era um exemplo de tenacidade, pois, em 1997, quando afundou no ranking, alegadamente devido a uma lesão, recuperou a sua posição de topo jogando pequenos torneios. Ah, e também sabia que era casado com a Steffi Graff, uma das maiores jogadoras de sempre. Agora também sei que, durante esse ano de 97, era um drogado.
Dispensava este conhecimento. Não é propriamente uma coisa surpreendente um atleta recorrer a drogas, basta lembrar o caso da Martina Hingis, que acusou o consumo de cocaína, ainda que ela o negasse. Um dia, ela lá o virá a confessar, e muitos outros virão a fazer o mesmo. A gente de uns desconfia, mas eu continuo a achar que há coisas que não é preciso saber, nem sempre aquilo que é a "verdade" vale a pena.
Este tipo andava nas anfetaminas? Surpreendente!!

sábado, 24 de outubro de 2009

Rankings e outros demónios

Dou aulas a turmas de 12º ano há vários anos. Senti fortemente o peso da responsabilidade no primeiro ano em que o fiz, ainda por cima porque tinha turmas de Humanidades, o programa era vasto e era prova específica para muitos deles. Leccionei-o o melhor que pude, tentando desenvolver nos meus alunos uma série de competências que, a meu ver, os conduziriam ao sucesso. Foi uma época de muito trabalho e de múltiplas angústias, que acabou por dar frutos em termos de avaliação no Exame Nacional e no prosseguimento de estudos destes jovens. Agora, já formados, sei que alguns ficaram nas Universidades em que se formaram e muitos deles foram alunos de sucesso e estão em profissões e em cargos de difícil acesso.

Nesse ano, numa bela manhã de Verão em que dormia regaladamente, fui acordada pelo telefonema de uma amiga a dar-me os parabéns. Tinham sido criados os rankings e a minha escola era a melhor escola pública do país. Esta situação já se repetiu em mais do que uma ocasião, mas a minha perspectiva em relação à gestão do Programa do 12º e às capacidades que devo desenvolver nos meus alunos mudou.

Hoje em dia, a par do cumprimento dos vários conteúdos programáticos, pretendo, sobretudo, desenvolver as competências que permitam aos meus alunos ter sucesso nos Exames Nacionais. Não por causa dos rankings, isso não está na minha mente, mas sim porque as correcções de exame são catastróficas e, no meu entender, pouco fiáveis para a elaboração de uma seriação. Há dois anos redigi 23 pedidos de revisão da correcção de provas que foram todos atendidos (excepto um). As provas revistas chegavam a subir 4 valores, o único que não foi atendido desceu 2 décimas. Os correctores aplicam mal os critérios e, sobretudo, evidenciam uma formatação intelectual, por vezes, aflitiva, que descobri revoltada nesses 23 pedidos de revisão: os alunos que redigiam com maior sofisticação eram os mais penalizados e aqueles que seguiam as regras minimalistas de estruturação discursiva, porque não eram capazes de mais, obtinham a cotação máxima. Assim, promover o sucesso do aluno em Exame Nacional é tão simples quando seguir uma receita para fazer um bolo:

· Redijam 4 parágrafos;
· Comecem por dizer…
· Iniciem o segundo parágrafo por “Assim, em primeiro lugar…” e depois “Exemplo disto é…”
· Comecem o terceiro parágrafo por “Por outro lado…” ou “Em segundo lugar…” e depois, “Pode apresentar-se, a propósito, o exemplo…”
·

E este é, para mim, o meu principal problema, pois é isto que me obriga a dizer: “Meninos, em situação de exame não sejam criativos. Sigam as receitas.” Nas aulas não ouso espicaçar as competências destes jovens, pois receio o insucesso. Mas penso no futuro: realmente estes jovens vão ser brilhantes nos exames, mas isso fará deles cidadãos brilhantes? Este é o meu dilema e tentar encontrar a o caminho certo não tem sido fácil, pois ajudar a construir o futuro destes jovens passa por ajudar a aceder ao seu curso de eleição o que. de uma forma perversa, me limita a possibilidade contribuir para a construção de pessoas de futuro brilhante, uma vez que a solução é a formatação e o convite ao conformismo. Isto como se sabe, ou se desconfia, não ajuda a desenvolver um país de futuro.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Para ti, porque somos todos iguais


Life and Death
energy and peace
if i stop today it is still worth it
even the terrible mistakes that i have made
and would have unmade if i could
the pains that have burned me and scarred my soul
it was worth it
for having been been allowed to walk where i walked
which was to hell on earth, heaven on earth
back again, into, under
far in between ,through it
in it and above

Gia Marie Carangi

Chamaram a isto...

..."Chocolatíssimo". É brincar com as nossas emoções: a gente afia o dentinho para aquilo que a nossa imaginação concebe como um chocolatíssimo, o que é sempre algo de superlativo, e depois a decepção é também ela superlativa. Acho que neste caso a montanha nem sequer pariu um rato, um gafanhoto talvez. Gafanhotinho, vá lá.
"Chocolatíssimo"!!! Grande lata!

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Os passageiros do vento


A série "Os Passageiros do Vento" de Bourgeon marcou a minha entrada na idade adulta. Estava a terminar a faculdade e juntava os tostões para comprar volume após volume de uma obra que narrava gráfica e poeticamente as aventuras de um improvável grupo de amigos e amantes transportados pelas velas de grandes navios. Com excepção de Morbus Gravis, que está nos seus antípodas, nenhuma outra série de B.D. foi, para mim, tão marcante. Eis os Passageiros saídos dos confins do tempo pela mão do jornal "Público" e ainda por cima com um sexto volume que é novidade. A reler e a absorver. Há poucas coisas melhores.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Campeonato Nacional de Equipas

Em Lousada. Completamente de improviso e sem treinar... A competição é um aspecto importante da vida dos atletas, pois é nela que verificamos se evoluímos ou não e, de certa forma paradoxalmente, é também ela que nos proporciona momentos de crescimento que transcendem o nosso quotidiano "fútil e tributável", como diz Álvaro de Campos.
O ténis é, sem dúvida, uma das minhas paixões e nele tenho aprendido muito sobre mim própria como pessoa. Ele exige disciplina, rigor técnico e uma constante capacidade de superação das adversidades, que, a meu ver, são inúmeras e constantes e que, às vezes, são criadas por nós, mas, frequentemente, são mesmo criadas pela matulona que está do outro lado da rede.
E é também através deste desporto, praticado competitivamente, que tenho aprendido o valor relativo de cada pessoa. Nós não somos tão importantes como pensamos e não devia ser preciso que um Tsunami viesse mostrar-nos isso. Basta uma partida de ténis, que enquanto jogada, nos "prende a alma toda", mas depois de terminada, com vitória ou com derrota, "pouco pesa, pois não é nada". Aprendamos também com Reis.