sábado, 22 de outubro de 2011

Homens e máquinas


Muito antes da divulgação de um aparelhinho fabulosos chamado Gameboy e dos fantásticos jogos da Zelda, os adolescentes dos eighties tiveram acesso ao extraordinário Cubo Mágico. Gastei horas para descobrir a solução desse puzzle e, numa altura em que éramos todos tecnologicamente uns pitecos e não havia internet com walkthoughs, acabei por comprar um livrinho de soluções, com diagramas e setinhas, que me permitia pôr o cubo todo direitinho em segundos. Não me lembro exatamente quantos, mas ainda eram alguns. Aqui há tempos pediram-me que fizesse o cubo, mas já não me lembro dos movimentos, não encontro o raio do livrinho e os walkthroughs do youtube são muito complicados. A notícia do JN sobre o record mundial de resolução do Cubo Mágico apresenta-nos um robot a resolver o cubo em 5,32 segundos, derrubando o humano que detinha o anterior record de 5,66 segundos. Por mim, vou procurar o livrinho, que não me entendo com o youtube. Mas antes vou pegar na minha Nintendo 3DS e jogar à Zelda. Ai as máquinas!

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Hoje vi-o de longe

E pensei "Que rico fim de tarde que deve ter estado nas praias mais bonitas da Europa!". Mas, apesar do parco vencimento e das notícias de cortes e mais cortes e impostos e mais impostos, a gente tem que trabalhar, para que haja onde cortar e onde taxar e por isso nem sempre a nossa "alma atlântica" pode usufruir daquilo que o Atlântico nos dá. Saí da escola às 19.40, é dia de jogo no Dragão e no trânsito nervoso da VCI tive saudades dos dias de verão que não vivi. Recuso integrar a depressão coletiva e aponto a "minha luneta de uma lente só" àquilo que temos de belo e de nosso. Pelo menos ainda não estamos na China e ainda podemos ter alguma fé na alma lusitana.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Que diabo!

A notícia do JN sobre Van Gogh comprova a recente tendência da modernidade que aponta para o princípio da incerteza aplicado ao quotidiano. Nada pode ser tomado como verdadeiro, nem uma morte por suicídio.

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Faz hoje 30 anos

Sobre o Concerto e Central Park.
Este foi o álbum que mais ouvi durante a minha adolescência, religiosamente preservado na sua capinha de plástico. Antes de Johnny Rotten e Sid Vicious, de Jello Biafra e do grande Peter Murphy, que chegaram mais tarde em total ruptura com Central Park e Mrs. Robinson.
Voltas que a vida dá.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Ora finalmente...

A minha escola, que já passou dos 50, foi "intervencionada" em 2008/2009. Sofremos um inferno de pó, de lama, de barulhos ensurdecedores, com alunos a fazer testes em monoblocos, acompanhados pelo som do tractores. Tive que pedir a um dos trabalhadores que não martelasse à porta do meu contentor, por respeito a "'Os Lusíadas". Quando regressei à escola, em Setembro de 2009, ela estava realmente lindíssima e tive direito a uma visita guiada e tudo. As aulas começaram e aí é que foi: ao fim de uma semana os puxadores das portas estavam avariados, num Setembro de canícula não se podia abrir as maravilhosas janelas insonorizadoras, o ar "forçado" soprava gelado nas costas dos alunos das filas de trás, não havia um cabide, nem sequer na casa de banho, e não temos placares nas salas de aula para os jovens pendurarem os trabalhos. Os quadros interactivos que os miúdos ganharam no Sapo Challenge não estão ligados só estão os que a PE instalou, a quantidade de pó acumulado nos tectos falsos provoca alergias até a quem não tinha alergias, não se pode colar um papel na parede, nem um calendário, os jardins ficaram a cargo da Direcção e a PE explora tudo na escola. Nem um manjerico se pode pôr...
Auditoria? Desde que seja feita no Magalhães...

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Estou quase quase de férias :D

Ainda falta dar um nózinho... o RAA! Lá terei de ir em busca de evidências.
Vou programar o GPS :)

sábado, 27 de agosto de 2011

A maldição das etiquetas

Comprei pêras e têm etiquetas. Não percebo porquê. No meu tempo, as pêras compravam-se na quinta, eram miudinhas e saborosas e sem coisas coladas na casca.
A vida moderna é muito esquisita.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Está bem, abelha...

Há doze anos que dou aulas na mesma escola, uma escola secundária de excelência, cujos alunos obtêm sempre no mínimo 2 valores acima da média nacional. Já levei centenas de alunos a exame e todos os anos todos os professores que leccionam o 12º ano de Português se queixam do pouco tempo para o cumprimento do Programa, que nos obriga - dependendo do número de feriados nacionais, municipais e greves - muitas vezes a dar aulas extra no final do ano lectivo. Já escrevemos a uma série de autoridades, tomadas como competentes, no sentido de ponderarem a alteração da carga horária do Português no Ensino Secundário e o desdobramento das turmas, para, por exemplo, se poder trabalhar em oficina de escrita ou dinamizar laboratórios de gramática, aspectos previstos nos Programas. Nada. Todos os anos é uma correria, uma angústia, pois o exame 639 serve de prova de ingresso para muitos miúdos. Estes senhores manifestam-se agora?! E ainda por cima, com os argumentos errados. ("testar todas as competências", "O facto de haver turmas com 28/30 alunos torna extremamente difícil treinar a oralidade e a escrita") E o facto de o Programa do Secundário ser uma coisa inqualificável? Foi pensado como um Programa de Língua, passou a um Programa de Língua, Literatura e Cultura e, na realidade, não é nada. O estudo da linguagem recobre aspectos pontuais de semântica (o aspecto, o tempo...) de pragmática (normas de cortesia, inferências...) e de linguística textual (coesão, coerência...). O estudo da literatura saltita por autores e eras, frequentemente tomados como pretexto para outras coisas: Vieira para o estudo do texto argumentativo, Camões lírico para o estudo da expressão dos sentimentos. Não se relacionam autores, épocas literárias, do nada aparece o estudo de "Frei Luís de Sousa", e eis que se fala de sebastianismo e tem que se falar do contexto da literatura romântica, dos nacionalismos... Um caos que tentamos organizar.
Em vez de sujeito a pensos rápidos, o estudo do português devia, claramente, ser bipartido e pensado de outra forma: de um lado a língua e do outro a literatura e a cultura. Os dois aspectos tocam-se? Ah pois tocam, mas, se calhar a maturidade e a mestria linguística ajudariam no entendimento da literatura, sem ser necessário estar a verificar os actos ilocutórios em "Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio" ou o aspecto durativo em "e também as memórias gloriosas daqueles reis que foram dilatando a Fé"... Os alunos gostam? Nem por isso. É útil? Não. Não serve para nada, não aprendem língua e a literatura resume-se a um conjunto de dentadas em autores dispersos.
Mais tempo e menos alunos? Acho bem. Serve para alguma coisa? Para cumprir o Programa.
E desenganem-se se pensam que no Ensino Básico o aumento da carga horária é positivo:os Programas novos são maus e os professores de Língua Portuguesa são formados em Direito, Filosofia, História, Teologia... e outras especialidades que fazem com que estes senhores pensem que um verbo transitivo predicativo (ou seja, um verbo que tem um Predicativo de Complemento Directo), que qualquer aluno de 14 anos identifica, é uma coisa de outro mundo.