Hoje começa oficialmente o inverno. Daqui a meia hora, mais coisa menos coisa. E, pelo mesmo fuso horário, acaba o mundo. A chuva e a ventania confirmam-se, mas tanto podem anunciar uma coisa como outra. Ou as duas. A gente não sabe bem, mas o princípio da incerteza governa estes nossos dias em que ninguém sabe muito bem o que anda a fazer, nem o que há de fazer. Daqui por cem anos, os livros de história hão de apresentar estes anos como uma época de turbulência, acrescentando, à laia de rodapé explicativo, como são sempre os inícios de século. Calhou-nos viver estes dias. Nada a fazer.
sexta-feira, 21 de dezembro de 2012
quinta-feira, 13 de dezembro de 2012
E não é que o mundo não acabou?
Bem... Estava esperançosa. Devia ser um espétaculo bonito, mas nada. Que anti-climax!
Lá terei que acabar de corrigir os testes. E havia tantas opções, caramba!
sexta-feira, 7 de dezembro de 2012
Só em maio!!!
Maio é o mês das flores, dos dias que aquecem e crescem. É o mês de Roland Garros, de Paris e das corridas à beira mar, ao fim do dia. E parece que em 2013 vai ser o mês do StarTrek!!!
Beam me up, Scotty!
Fraquezas...
quinta-feira, 6 de dezembro de 2012
Hoje apeteceu-me um poema
O ardor dos
dias verdadeiros
Resiste às
ondas de solidão e de frio.
Aqui estamos
no vazio do tempo por viver
E no céu que
se escurece o sal das águas que não caem
Traz à
memória o sol sereno e limpo do primeiro dia.
Agora aqui no
silêncio dos dias
Espero ainda
pela luz da redenção.
E nesta
praia com arestas dissolvidas
Pelo sol do
frio do outono
Olho estes
passos nesta areia que não passa
E ainda te
vejo deus das ondas e da luz
Completo
círculo de imensidão e de sonho
Num tempo
antigo de verdade inteira.
E ainda te ouço. E ainda te espero.
E uma das minhas fotos preferidas, com muitas flores, muita luz e muita alegria. Porque tudo isto existe e convém não esquecer.
segunda-feira, 3 de dezembro de 2012
E eu que reclamava!....
Que calor!! dizia Que saudades do fresquinho do Porto, daqueles dias cinzentos!!! Pois...
Hoje está um daqueles dias em que o frio até se vê e o prognóstico para os próximos dias é de chuva. Assim mesmo, ela mesmo, sem metafísica. E, nestas alturas, com o termoventilador a aquecer o ambiente e uma resma de composições para corrigir, o pensamento voa até aos dias de verão, que se antecipam ansiosamente.
Prefiro rosas, meu amor, à pátria,
E antes magnólias
amo
Que a glória e a
virtude.
Logo que a vida me
não canse, deixo
Que a vida por mim
passe
Logo que eu fique o
mesmo.
Que importa àquele
a quem já nada importa
Que um perca e
outro vença,
Se a aurora raia
sempre,
Se cada ano com a
Primavera
As folhas aparecem
E com o Outono
cessam?
E o resto, as
outras coisas que os humanos
Acrescentam à vida,
Que me aumentam na
alma?
Nada, salvo o
desejo de indiferença
E a confiança mole
Na hora fugitiva.
Ricardo Reis
sábado, 17 de novembro de 2012
Não é troika, é doika...
Duas duma vez?! Nunca tal me tinha acontecido. E sem subsídios... é no que dá escolher desportos que precisam de material de desgaste rápido.
quarta-feira, 14 de novembro de 2012
Dia de greve geral
Sei que a vida está difícil, que ter estas autoestradas todas e ter um computador em cada sala de aula custou um dinheiro que não tínhamos e que agora temos que pagar o que pedimos emprestado. Sei isto tudo muito bem, mas estou farta de que me metam a mão ao bolso e me obriguem a fazer o meu trabalho. o da secretaria, o da senhora das fotocópias e o de mais 2 professores. Mais trabalho e cada vez menos paga. Organizem-se que eu estou farta de pagar as portagens das autoestradas e das SCUTS por onde ando e o empréstimo para a construção de todas por onde não circulo e, sobretudo, estou farta do discurso "temos sorte, temos emprego". Qualquer dia pago para ter a sorte de ter emprego. Aliás, eu acho que até já faço isso. E nem sequer tenho garantias de o continuar a fazer.
Dez
horas da manhã; os transparentes
Matizam uma casa apalaçada;
Pelos jardins estancam-se as nascentes,
E fere a vista, com brancuras quentes,
A larga rua macadamizada.
Rez-de-chaussée repousam
sossegados,
Abriram-se, nalguns, as persianas,
E dum ou doutro, em quartos estucados,
Ou entre a rama dos papéis pintados,
Reluzem, num almoço, as porcelanas.
Como
é saudável ter o seu conchego,
E a sua vida fácil! Eu descia,
Sem muita pressa, para o meu emprego,
Aonde agora quase sempre chego
Com as tonturas duma apoplexia.
IN Num Bairro Moderno, Cesário Verde
quinta-feira, 1 de novembro de 2012
No sítio do costume, a 3D
Entre uma chuvada e outra, deu para dar um passeio com a bichinha pelas areias e testar a minha nova câmara. Amanhã, volta-se à escolinha, aos horários e às campainhas e aos meninos desmotivados, que não abrem um caderno e esperam que as boas notas se materializem magicamente. Eu estou convicta que estamos numa época de transição e a escola vai ter de se adaptar à Geração Google. Estes miúdos não conseguem estar concentrados mais de 15 mins. e nós insistimos em mandá-los ler coisas como "Os Maias". É uma sensação de inutilidade que se cola a nós e que parece difícil de contrariar e todos acabamos descrentes naquilo que fazemos. Eles, porque nos acham obsoletos, e nós porque os achamos incooltos, desinteressados e desinteressantes. Haja sol para usufruir das energias marítimas.
quarta-feira, 17 de outubro de 2012
O.K. chegou o inverno
Estou aqui sentada a preparar uma aula de introdução ao estudo do "Sermão de Santo António aos Peixes", depois de ter redigido uma participação disciplinar, enquanto a chuva cai copiosamente lá fora e na TV, depois de referências à crise, ao Gaspar, ao Portas e ao equilíbrio dinamicamente instável do governo, discute-se os maus resultados da seleção de futebol. Fui ao accuweather, mas só vi o ícone do sol lá para dia 1 de novembro. Tentei animar-me, contando os meses que faltam para o início de verão, mas, quando cheguei a 6, desanimei e parei a contagem. Tenho os pés frios, uma constipação que não me larga e uma dor de cabeça há 5 dias. E ainda tenho um dia de escola pela frente!
Só não deprimo, porque, como diz Mia Couto, a infelicidade dá muito trabalho e eu sou feliz por pura preguiça.
domingo, 7 de outubro de 2012
Dia que não foi dia
Tenho uma grande constipação,
E toda a gente sabe como as grandes constipações
Alteram todo o sistema do universo,
Zangam-nos contra a vida,
E fazem espirrar até à metafísica.
Tenho o dia perdido cheio de me assoar.
Dói-me a cabeça indistintamente.
Triste condição para um poeta menor!
Hoje sou verdadeiramente um poeta menor.
O que fui outrora foi um desejo; partiu-se.
Adeus para sempre, rainha das fadas!
As tuas asas eram de sol, e eu cá vou andando.
Não estarei bem se não me deitar na cama.
Nunca estive bem senão deitando-me no universo.
Excusez un peu... Que grande constipação física!
Preciso de verdade e da aspirina.
Álvaro de Campos, in "Poemas"
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