sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Surrealismo de outono que finda

Porque às vezes apetece revisitá-los.

O Mistério de Ameigen (Irlanda)

Eu sou o vento que sopra à flor do mar,
sou vaga do mar,
o bramido do mar.
Sou o boi das sete luas,
ave de rapina sobrevoando as falésias,
e dardo solar.
Eu sou o que navega, o inteligente.
Javali sangrento.
Lago na planície violenta.
Sou palavra de ciência.
Espada viva abrindo a noz das armaduras.
Eu sou o deus que implanta o fogo na cabeça,
e espalha a luz pelas montanhas,
e anuncia as idades lunares,
e ensina ao sol onde morrer.

Herberto Helder in O Bebedor Nocturno



1 comentário:

Anónimo disse...

Linda foto. Adorei o poema! :)
(gosto do frio, gosto das folhas no outono, não quero a chuva e humidade do inverno, não.)
RN