quinta-feira, 18 de julho de 2013

Saudades...

Eu haverei de erguer a tua vasta vida
que ainda é o teu espelho:
cada manhã hei de reconstruí-la.
Desde que te afastaste,
quantos lugares se tornaram vãos
e sem sentido, iguais
a luzes acesas de dia.
Tardes que te abrigaram a imagem,
música em que sempre me esperavas,
palavras desse tempo,
terei de as destruir com as minhas mãos.
Em que ribanceira esconderei a alma
para que não veja a tua ausência,
que como um sol terrível, sem ocaso,
brilha definitivamente e sem piedade?
A tua ausência cerca-me
como a corda à garganta.
Como o mar ao que se afunda.

Jorge Luís Borges

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