Tinha 6 anos quando se deu o 25 de abril. A minha vida foi uma tropelia de inseguranças e lutas e acho que não me lembro de nenhuma altura em que não houvesse boicotes, greves e outras formas de luta. Até na Faculdade fiz greve, na altura para lutar pelo direito ao estágio pedagógico que quase todas as outras tinham. Os meus alunos estão (acho eu) a fazer exame de português. Eu era coadjuvante, mas estou aqui. Vou para a escola daqui a pouco, tenho relatórios para fazer e outras burocracias que não se presentificam mistificamente. Espero que lhes corra bem, fiz tudo ao longo do tempo que trabalhei com eles para isso e se agora não estou lá é porque entendo que devo lutar por mim, pelos meus colegas e por eles. Relembro uma passagem de "Felizmente Há Luar!", uma obra que tiveram que estudar, de qualidade duvidosa do ponto de vista literário, mas que nos ensina que é preciso tomar posições, nas palavras de Matilde de Melo:
"
É preciso que os homens se definam para que possam ser julgados.
É preciso que ele não nos receba – é a nossa oportunidade de o obrigar a definir-se, de o colocar no banco dos réus, para que o juiz o possa julgar…"
Se eu tinha dúvidas quanto à minha adesão a esta greve, quando me convocaram e me quiseram retirar o direito de opção, tive que optar ao contrário. Isto de aprender a ler em liberdade cria obrigações.
1 comentário:
A mesa desta vez até estava direitinha. Então porquê que estás "inclinada"? Bjokas
I.
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