sábado, 9 de fevereiro de 2013

Coisas que deixam um vaziozinho...


Confesso que, nos últimos tempos, tenho lido pouco e quase exclusivamente policiais da Patricia Cornwell e a gigantesca trilogia 1Q84 do Murakami. Tenho guardado o esforço da leitura para as teorias sobre a coordenação da Johannessen ou da Zhang, que exigem de mim um esforço titânico e, para relaxar, conduzo o Link, de masmorra em masmorra, até salvar a sua Zelda. Já dei cabo do Ocarina of Time na 3DS e estou a terminar a Skyward Sword, na WII. Ultimamente, contudo, voltei aos livros.
Tenho uma amiga que diz que eu tenho a mania das escritoras espanholas. De facto, já li vários da Lucia Etxebarría, gostava de ler mais de Cristina Lopez Barrio e acabei agora o “Lágrimas na Chuva”, de Rosa Montero. Este título chamou-me imediatamente a atenção, pois integra o antológico e clássico solilóquio – que obviamente sei de cor – do final de Blade Runner. A obra de Montero recupera os replicants, num mundo futurista, e cria um narrador omnisciente, capaz de aceder aos pensamentos mais íntimos da protagonista, Bruna Husky. Quase como o omãa com quem ela se cruza. Demorei a identificar-me com esta personagem, embora seja certo que, pelo meio, tive que ler o “Capitães de Areia”, para o CNL (obra que abomino e que foi mesmo um teste de caráter!), mas a verdade é que, mais para o meio da intriga me custava bastante ter que abandonar a Bruna à sua sorte a meio de uma página. Agora já sei o que lhe aconteceu e acho que efetivamente o mote da Tyrell Corporation se aplica a esta personagem: “mais humanos que os humanos”. E isso faz com que a narrativa, o universo e as personagens tenham, de súbito, desaparecido da minha existência apenas humana e me deixem assim um vaziozinho quotidiano… Há livros assim.
Arranquei com o “Sputnik, meu amor”, do Murakami. Pensei que me ia custar entrar num novo universo, mas aquilo derrete-se como manteiga num pão quente. Já conheço as personagens e estou a gostar bastante da estratégia narrativa de colocar um narrador autodiegético e subjetivo, que conta a história de um modo casual. O início é surpreendente, vamos ver o fim, pois como diz Murakami: vocês nunca entendem o final dos meus livros.


2 comentários:

Cadáver Morto disse...

Cuidado com a manteiga no pão quente. Parece que faz subir o colesterol. É o que dizem, que eu disso não percebo nada.

Carmo disse...

Sim, pá, colesterol e tu são realidades inconciliáveis...