terça-feira, 2 de agosto de 2011

A Casa dos Amores Impossíveis

As mulheres Laguna padecem de uma maldição ancestral: estão condenadas a sofrer por amor e a ter apenas filhas que sofrerão de igual mal. Esta é a premissa primeira desta obra, que mistura amor, vingança e ódio, porque acaba por ser ténue a fronteira entre todos estes sentimentos, tal como é ténue a fronteira entre a vida e a morte e as presenças dos mortos se perpetuam numa casa, por onde espalham aromas, gargalhadas e vícios antigos. A magia vive ali, nos ossos do gato que a mãe de Clara Laguna atira para ler, de forma infalível, o futuro e nas margaridas que florescem todo o ano, ainda que a neve cubra todo o jardim. As gerações sucedem-se de forma amaldiçoada até que alguém resgate esta família. O amor mistura-se com a magia, com o ódio, com as iguarias que se confeccionam na cozinha e seduzem todos os que as experimentam. O mar, os sonhos, a magia das palavras e das vozes que cantam e narram e o poder dos sentimentos que ultrapassam o túmulo não permitem que abandonemos esta narrativa mágica, em que cada mulher é o prolongamento da outra e o seu exacto oposto. Será o amor a verdadeira maldição destas mulheres?
Se há livros que vale a pena descobrir, este é, seguramente, um deles.

2 comentários:

Anónimo disse...

Fiz uma busca no Google com os seguintes dizeres: 'a mais bonita canção de amor de sempre' e a primeira referência que apareceu (salvo erro) foi este blog Todos os Mares, com um post de 28/10/2010, de um video cançaõ dos The Pogues. Fiz o refresh do blog e eis que, para meu espanto, ele está actualizadíssimo e com a mesma temática, se não explícita, pelo menos implícita, da minha busca: o amor. Isto, para alguém que, como eu, acabou de viver (estará ainda a viver...) uma paixão, é muito reconfortante. termino, incentivando a Autora deste blog a continuar...António Oliveira, Aveiro (de férias...)

Carmo disse...

Obrigada. Como o título do blogue indica, andamos por todos os mares e o amor - que se ganha e que se perde, mas que, como diz Saramago "afinal existe sobre todas as coisas" - não pode estar ausente. Boas férias!