quarta-feira, 17 de outubro de 2012

O.K. chegou o inverno

Estou aqui sentada a preparar uma aula de introdução ao estudo do "Sermão de Santo António aos Peixes", depois de ter redigido uma participação disciplinar, enquanto a chuva cai copiosamente lá fora e na TV, depois de referências à crise, ao Gaspar, ao Portas e ao equilíbrio dinamicamente instável do governo, discute-se os maus resultados da seleção de futebol. Fui ao accuweather, mas só vi o ícone do sol lá para dia 1 de novembro. Tentei animar-me, contando os meses que faltam para o início de verão, mas, quando cheguei a 6, desanimei e parei a contagem. Tenho os pés frios, uma constipação que não me larga e uma dor de cabeça há 5 dias. E ainda tenho um dia de escola pela frente!

Só não deprimo, porque, como diz Mia Couto, a infelicidade dá muito trabalho e eu sou feliz por pura preguiça.  

domingo, 7 de outubro de 2012

Dia que não foi dia




Tenho uma grande constipação, 
E toda a gente sabe como as grandes constipações 
Alteram todo o sistema do universo, 
Zangam-nos contra a vida, 
E fazem espirrar até à metafísica. 
Tenho o dia perdido cheio de me assoar. 
Dói-me a cabeça indistintamente. 
Triste condição para um poeta menor! 
Hoje sou verdadeiramente um poeta menor. 
O que fui outrora foi um desejo; partiu-se. 

Adeus para sempre, rainha das fadas! 
As tuas asas eram de sol, e eu cá vou andando. 
Não estarei bem se não me deitar na cama. 
Nunca estive bem senão deitando-me no universo. 

Excusez un peu... Que grande constipação física! 
Preciso de verdade e da aspirina. 


Álvaro de Campos, in "Poemas"


Saudades destes dias, em que as horas derretiam suavemente ao sol e o mar acompanhava o ritmo da ausência de propósitos. Gripes e constipações têm pouca poesia e muitos inconvenientes.

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Já não vejo as andorinhas por cá

Pelos sítios por onde passeio a cadela, ali na praia da Madalena, há umas zonas de mato e, ultimamente, de lindíssimas plumas das pampas, por onde voam, cantam, chilreiam e se deixam admirar  vários tipos diferentes de passarada. Há locais em que os bandos de andorinhas são imensos e nos acompanham em gritarias e voos tangenciais. Hoje custou-me a chegar lá: a VCI cheia de carros, acidentes e um dia na escola repleto de reuniões de utilidade duvidosa. Se não fosse a cadela, provavelmente teria ficado em casa, recolhida a ver uma qualquer série no AXN, mas como lhe criei esta rotina de ir até à praia no final do dia, lá arranquei para Gaia. Demorei mais de meia hora, apanhei uma nortada gélida que anuncia o inverno e andei por lá pouco tempo. Não vi andorinhas, nem as ouvi, mas o universo brindou-me com um céu digno de melhor máquina.
  Não sei se, nos dias pequenos e chuvosos que se aproximam, vou conseguir manter este hábito, mas acho que devia. Talvez noutros poisos que não impliquem atravessar o rio Douro e acompanhada por uma máquina melhor.

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Dia de voltar à escolinha

Para um ano letivo que se prefigura difícil, com turmas gigantescas e horas de trabalho intermináveis e previsivelmente pouco rentáveis. Enfim, as conjunturas mudam e, nestas décadas de profissão que já experimento, já testemunhei várias. Esta é, contudo, das piores, por isso as coisas só podem melhorar.

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Últimas gotas de verão

Estou aqui, para bebê-las todas!!

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Criatividade e intuição

Quando tudo o resto falha, a fita cola resolve. Ou algo semelhante. Os peões intuem: se os carros não pararem, está vermelho.

domingo, 5 de agosto de 2012

Silly season?

Eu tenho uma teoria cosmogónica acerca dos Ford Fiesta e dos seus condutores. Aliás, sempre que o trânsito encrava aqui pelo Porto, há um Fiesta envolvido.  Não tenho um estudo empírico, é apenas a formulação de uma hipótese, mas, pelo sim pelo não, evito estacionar perto deles...

quinta-feira, 12 de julho de 2012

Saudades do futuro?? 'Bora lá!


Every time I look down on this timeless town 
whether blue or gray be her skies. 
Whether loud be her cheers or soft be her tears, 
more and more do I realize: 

I love Paris in the springtime. 
I love Paris in the fall. 
I love Paris in the winter when it drizzles, 
I love Paris in the summer when it sizzles. 

I love Paris every moment, 
every moment of the year. 
I love Paris, why, oh why do I love Paris? 
Because my love is near.

Cole Porter





domingo, 8 de julho de 2012

Lomografia

A minha formação fotográfica ocorreu nos anos 80, aproveitando aqueles cursos financiados pela U.E., que na época era C.E.E. e desenvolveu-se na área da moda e publicidade. Sei usar um ampliador - comprei um russo, que montava na casa de banho da minha mãe - sei puxar filmes, fazer máscaras, sei o que é a paralaxe, a profundidade de campo e como posso jogar com a velocidade do filme para obter efeitos estranhos, sei enquadrar, sei em que canto da foto o modelo deve ou não deve ficar, conheço a regra de ouro da fotografia,... Resisti à tecnologia digital o mais que pude, fui fazendo experimentos com câmaras digitais, rejeitando-as sempre. No entanto, este experimentalismo transformou-me numa perdulária, deixando obsoleta a minha Nikon F60, pois tarde que saia e não bata pelo menos umas 150 fotos é anormal. Nesta altura, uso 3 máquinas diferentes: uma Fuji Finepix XP (todo terreno, água e tudo), uma Nikon Coolpix P500 (uma brigde, para tirar fotos com alguma pinta sem ter de andar a trocar lentes) e uma Nikon D80 (uma reflex, para quando quero tirar fotos a sério).

Há coisa de 2 ou 3 semanas, ouvi falar da lomografia.  Fui investigar.
É aparentemente a arte de tirar fotos desfocadas, desenquadradas, com o filme queimado, fora de prazo... em máquinas com lentes de plástico, que custam cerca de 30 dólares e são remanescentes do hi-tec russo, que sempre produziu coisas tão sofisticadas. O grande problema é que as fotos são tiradas com rolo. Onde é que eu, nesta altura, consigo ter o comedimento de tirar apenas 12 ou 24 fotos?? Mandar revelar e esperar o resultado, que o mais certo é conduzir as fotos à pilha de milhares de rejeitadas que tenho vindo a acumular ao longo dos anos?


Cabeças cortadas, exposições mal calculadas, fotos desfocadas, tenho de tudo neste monte. Ah não, para este peditório já dei. Mas como sou adepta do experimentalismo, adotei uma solução de compromisso: arranjei um software e andei a arruinar algumas fotos. Obtive uns efeitos engraçados:










Ora bem: continuo adepta do enquadramento e da procura da melhor luz, da manipulação do equilíbrio de brancos para ajustar as condições luminosas às potencialidades da máquina, e tal, mas vou adotar um compromisso ainda maior. Descobri na Amazon que há uns kits que podem ser acoplados à minha D80, que a transformam numa low-tec russa dos eighties. Assim, posso desfocar todas as fotos que quiser, sem queimar o nitrato de prata dos rolos e fazer umas coisas mais para o artístico.

Acho que foi "No Ano de Todos os Perigos" que um jornalista fotográfico disse esta pérola: "uma foto de uma mulher nua é pornografia, uma foto desfocada de uma mulher nua é arte".

Vamos, pois, desfocar o verão. Pode ser que nem sinta a falta do subsídio.