terça-feira, 30 de julho de 2013

domingo, 28 de julho de 2013

domingo, 21 de julho de 2013

Best shoes ever... All good things come to an end...

A gente habitua-se a algumas certezas, tipo: se vou para a montanha levo as botas Nike. Contudo, tudo chega ao fim e ontem, após uma caminhada de quase 4 horas, apercebi-me que estas já cumpriram a sua esperança de vida. Tentei perceber há quantos anos confiava nestas sapatilhas e descobri duas coisas admiráveis: primeira - raramente me tiram fotografias em que se veja os pés; segunda - tinha estas meninas desde 2007. Assim, posso dizer que calcorrearam centenas de quilómetros e foram sempre bestialmente confortáveis. Chegou a hora de as arrumar definitivamente e transformei as lembranças que encontrei destes seis anos e muitas milhas num minuto de filme. A música é da Marta Hugon. 



A MINHA VIDA INTEIRA

De novo aqui, com os lábios memoráveis, único e semelhante a vós.
Persisti na aproximação da ventura e na intimidade da pena.
Atravessei o mar.
Conheci muitas terras; vi uma mulher e dois ou três homens.
Amei uma menina altiva e branca, de uma hispânica serenidade.
Vi um arrabalde infinito onde se cumpre uma insaciada imortalidade de poentes.
Saboreei numerosas palavras.
Creio profundamente que isso é tudo e que não verei nem executarei coisas novas.
Creio que minhas jornadas e as minhas noites
Se igualam em pobreza e em riqueza às de Deus e às de todos os homens.

Jorge Luís Borges

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Saudades...

Eu haverei de erguer a tua vasta vida
que ainda é o teu espelho:
cada manhã hei de reconstruí-la.
Desde que te afastaste,
quantos lugares se tornaram vãos
e sem sentido, iguais
a luzes acesas de dia.
Tardes que te abrigaram a imagem,
música em que sempre me esperavas,
palavras desse tempo,
terei de as destruir com as minhas mãos.
Em que ribanceira esconderei a alma
para que não veja a tua ausência,
que como um sol terrível, sem ocaso,
brilha definitivamente e sem piedade?
A tua ausência cerca-me
como a corda à garganta.
Como o mar ao que se afunda.

Jorge Luís Borges