Nas últimas semanas fui avassalada por quantidades assustadoras de manuais escolares que devo analisar de acordo com umas grelhas, para que possa fazer uma opção informada em relação aos livros a adoptar no próximo ano lectivo. Compreendo que estejam em jogo milhares e milhares de Euros, na medida em que os livros têm um período de vigência previsível de 4 anos, o que se traduz em vendas asseguradas durante esse tempo, com os proveitos que tudo isso aporta. O que me parece absolutamente irrealista é fazer a selecção de forma informada. Eu ainda tentei ir abrindo os caixotes à medida que iam chegando, mas abri 3 ou 4, pois chegava à escola e tinha mais 4 ou 5 para trazer e quando os abria saltava lá de dentro o manual, o livro de actividades, o livro do professor, o livro do acordo ortográfico, o DVD de apresentação, e outras coisas, dependendo da imaginação das editoras, o que tornou o armazenamento dos itens um problema logístico de proporções consideráveis. Ficaram ali, à entrada, amontoados. Se calhar abro os caixotinhos mais pequeninos, na esperança de que contenham apenas um livro e é esse que analiso. Na recta final de um ano lectivo marcado por incursões assistemáticas da ADD, por necessidades prementes de cumprir Programas, de frequentar Formação, e agora de corrigir testes e assegurar avaliações orais, implementar actividades de fim de ano e Conselhos de Turma (tenho uma reunião a um Sábado de manhã, às 8.30, parece que por causa de alunos que vão frequentar o 8º ano pela 3ª vez e podem fazer os exames do 9º!), haverá alguém no seu perfeito juízo que entenda que se vá analisar os manuais com o rigor que seria desejável?
Num registo mais micro-económico, lá foram as cordas outra vez e agora com FMIs e "taxas de redução remuneratória" começo a achar difícil encordoar as bichinhas. Ainda por cima, se tenho reuniões nos dias dos torneios. :(