A gente cresce, deixa de ser criança, deixa de ser adolescente e aquilo que era o epítome do sublime para nós desaparece. A gente acha que o mundo muda, mas a gente é que muda e deixa de entender o mundo, pois ele continua a ter o mesmo sentido de sempre. Adultos, perdidos em quotidianos nem sempre coloridos, prestamos uma atenção marginal àquilo que aqueles que ainda não cresceram fazem, à música que ouvem, aos livros que não lêem e chegamos à conclusão que "no meu tempo é que era, agora não se lê, agora não há grandes bandas... no meu tempo é que era, era os U2, era o Michael Jackson... e agora? Quem é a Rihanna? Quem são os Black Eyed Peas? Amy Whine o quê? Já não se fazem bandas como antigamente... no meu tempo é que era..." E então o Rei da Pop morre e vejo que, afinal, os teenagers deste milénio falam dele e compram os álbuns cuja música recheou as nossas noites há quase 30 anos atrás, e falam connosco e querem saber como era naquele tempo. Alguns invejam-nos: "nesse tempo é que era", dizem. É a vingança dos quarentões e é a consciência algo difusa que, neste Verão de 2009, no meio da crise, e de um tempo que não convida à praia, há uma estranha transcendência de alguém cuja existência parece sempre ser um elo de união de raças, de filosofias, de políticas, de tempos, de idades, entre o passado e o presente, entre a vida e a memória... E quando circulo nas estradas da minha cidade e por mim passa o grito antigo de um "Beat it" do carro ao lado sinto que o tempo ainda não passou e acredito, uma vez mais, que tudo ainda é possível.
sábado, 11 de julho de 2009
quarta-feira, 1 de julho de 2009
Coisas que me irritam no quotidiano
Ir a uma Repartição, ou a um qualquer serviço de atendimento, e ter de falar com a pessoa que está do outro lado através de um vidro. Nunca consigo ouvir nada do que me dizem e pareço uma debilóide a tentar enfiar a orelha pelo buraquinho, que geralmente fica ao nível da barriga, e a repetir constantemente "Como?", enquanto tento apanhar o geral da mensagem que o meu interlocutor, do outro lado, do alto do conforto do seu douto saber, me transmite, implacável, sem pausas e, frequentemente, sem sequer me dirigir o olhar. Afinal, qual é a utilidade dos vidros? A sério, para que servem? É para evitar a transmissão do vírus da gripe, que era das aves e agora parece que é dos porcos, ou é para criar em nós a sensação de que o mais certo é terem dito as coisas correctas e a gente é que não ouviu, por isso, se calhar, é melhor não reclamar?
As conspirações são como as bruxas, a gente pode não acreditar, mas...
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